" (...) Inspirei-me nas minhas vivências,
uma vez que comecei a usar óculos muito cedo. Não foi agradável ser “quatro
olhos” desde tão cedo. Era um incómodo muito grande, agravado pelo fato de a
moda infantil de meados os anos 1970 ser uma tristeza. Não havia óculos
coloridos e com figurinhas, como agora…
Vendo aqueles óculos feios e pesados
que fui obrigada a usar – coisa que agradeço aos meus pais! –, um dia
lembrei-me de desenhar os óculos que eu gostaria de ter tido,
acrescentando-lhes o elemento mágico e simbólico que acaba por sustentar todo o
conceito do livro.
Na verdade, por mais egoísta que isso possa parecer, o livro
foi escrito para mim, não foi para os meninos que não querem usar óculos. Não
me desagrada que tenha essa função utilitária, mas a primeira intenção não foi
essa.
Desde o início, quando comecei a
fazer os esboços dos óculos, ao mesmo tempo em que ia escrevendo, senti que a
ilustração do André Letria se adequaria perfeitamente ao que eu queria fazer.
Precisava de alguém que conseguisse inserir expressividade num objeto banal,
mantendo essa homogeneidade plástica ao longo do livro. Só um ilustrador
experiente e talentoso como o André conseguiria fazer isso!
Ele gostou da ideia
e, a partir daí, o entendimento foi muito fácil, também graças ao apoio do
nosso editor (José Oliveira, da editora portuguesa na Caminho). Partimos dos
raquíticos esboços que eu tinha feito, abandonamos certas ideias, o André
acrescentou outras e se texto e imagem ficaram tão entrosados, foi porque houve
um verdadeiro trabalho de parceria. (...)"
Excerto da entrevista a autora Carla Maia de Almeida publicada no sítio: http://editora.globo.com
Os alunos da turma 4 mostraram-se solidários com a personagem da obra e usaram a sua imaginação para produzir uns óculos muito originais e, assim, aliviar a preocupação de Tigy!
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