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Os alunos do 1.º ciclo das escolas do Vale do Âncora festejaram o Dia da Poesia com os poetas lusófonos, no âmbito da celebração dos 800 anos da Língua Portuguesa.
Os alunos mais novos abriram os festejos com autores portugueses. Apresentaram, com muita dedicação, poemas de Matilde Rosa Araújo e de Luísa Ducla Soares.
Depois, ouviram-se as vozes dos alunos do 2.º ano que presentearam a comunidade (colegas, professores, familiares e funcionários) com textos da poetisa brasileira, Cecília Meireles.
A seguir, os alunos do 3.º e 4.º ano comunicaram os resultados das suas pesquisas sobre as biografias dos poetas lusófonos escolhidos e as bandeiras dos seus países de origem. Declamaram, com muito entusiasmo, os poemas: O Primeiro Astronauto de Mia Couto, Ser SER de Ondjaki, Café de Ribeiro Couto, Trem de Ferro de Manuel Bandeira, A Lenda da bruxa de Conceição Lima, A Borboleta de Odylo Costa filho, Não vale a pena pensar de Manuel Rui, Saõ estes os meus rios de Manuel Lima, O Pescador Velho de Glória Sant' Anna e Meninos e meninas de Fernando Sylvan.
O PRIMEIRO
ASTRONAUTA
O primeiro astronauta
devia ter sido
Silvestre José Nhamposse
Só ele
teria sacudido os pés
à entrada da Lua
Só ele
teria pedido
com suave delicadeza:
- dá licença?
MIA
COUTO (Moçambique)SER SER
Seja ruído
Seja beijo
Seja voo
Seja andorinha
Seja lago
Seja pacatez de árvore
Seja aterrizagem de borboleta
Seja mármore de elefante
Seja alma de gaivota
Seja luz num olhar
Seja um cardume de tardes
E grite: JÁ SOU
ONDJAKI
(Angola)
CAFÉ
Sabor
de antigamente, sabor de família.
Café
que foi torrado em casa,
Que
foi feito no fogão de casa, com lenha do mato de casa.
Café
para as visitas de cerimónia,
Café
para as visitas de intimidade,
Café
para os desconhecidos, para os que pedem pousada, para toda gente.
TREM DE FERRO
Café com pão
Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
MANUEL BANDEIRA (Brasil)Café com pão
Café com pão
Virgem Maria que foi isso maquinista?
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
A LENDA DA
BRUXA
San Malanzo era velha, muito velha.
San Malanzo era pobre, muito pobre.
Não tinha filhos, não tinha netos
Não tinha sobrinhos, não tinha afilhados
Nem primos tinha e nem enteados
Ela era muito pobre e muito velha
Muito velha e muito pobre era.
Era velha, era pobre San Malanzo
Pobre e muito velha
Velha e muito pobre
Era velha e pobre
Era pobre e velha
Velha pobre
Pobre velha
Velha
Pobre
Feiticeira.
San Malanzo era pobre, muito pobre.
Não tinha filhos, não tinha netos
Não tinha sobrinhos, não tinha afilhados
Nem primos tinha e nem enteados
Ela era muito pobre e muito velha
Muito velha e muito pobre era.
Era velha, era pobre San Malanzo
Pobre e muito velha
Velha e muito pobre
Era velha e pobre
Era pobre e velha
Velha pobre
Pobre velha
Velha
Pobre
Feiticeira.
CONCEIÇÃO LIMA (São Tomé e
Príncipe)
NÃO
VALE A PENA PENSAR
O capim não foi plantado
nem tratado,
e cresceu. É força
tudo força
que vem da força da terra.
Mas o capim está a arder
e a força que vem da terra
com a pujança da queimada
parece desaparecer.
Mas não! Basta a primeira chuvada
para o capim reviver.
tudo força
que vem da força da terra.
Mas o capim está a arder
e a força que vem da terra
com a pujança da queimada
parece desaparecer.
Mas não! Basta a primeira chuvada
para o capim reviver.
MANUEL RUI(Angola)
PESCADOR VELHO
Pescador
vindo do largo
com teu calçado de algas
diz-me o que trazes no barco
donde levantas a face
a tua face marcada
pelo sal de horas choradas
dá-me o teu peixe pescado
bem lá no fundo do mar
-nesta água não tem peixe -
pescador dá-me um só peixe
nem garoupa nem xaréu
só um peixinho de prata
-nesta água não tem peixe
foi tudo procurar deus
prò lado do Zanzibar.
com teu calçado de algas
diz-me o que trazes no barco
donde levantas a face
a tua face marcada
pelo sal de horas choradas
dá-me o teu peixe pescado
bem lá no fundo do mar
-nesta água não tem peixe -
pescador dá-me um só peixe
nem garoupa nem xaréu
só um peixinho de prata
-nesta água não tem peixe
foi tudo procurar deus
prò lado do Zanzibar.
GLÓRIA DE
SANT'ANNA (Moçambique)
MENINAS
E MENINOS
Todos já vimos
nos livros, nos jornais ,
no cinema e na televisão
retratos de meninas e
meninos
a defender a liberdade de
armas na mão.
Todos já vimos
nos livros, nos jornais ,
no cinema e na televisão
retratos de cadáveres de
meninos e meninas
que morreram a defender a
liberdade de armas na mão.
Todos já vimos!
E então?
FERNANDO SYLVAN (Timor leste)
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