(…)
A língua que nos
passou a palavra Escola é também previsível: o latim. A palavra, em
latim, era «schola». A palavra latina fez escola: aparece não só nas línguas
latinas, como em muitas outras línguas, incluindo o inglês, onde acabou com a
forma «school». Foi aportar a línguas ainda mais distantes, como o indonésio,
onde se escreve «sekolah». Como lá chegou? Por via do português, que levou a
palavra até àquelas paragens.
Mas voltemos ao
latim. Onde foram os Romanos buscar a palavra? Também não surpreende: ao grego
«skholḗ» («σχολή»).
E os Gregos?
Inventaram a palavra do nada?
Como acontece
muitas vezes, uma palavra anterior ganhou um novo sentido. Os seres humanos,
quando precisam de uma nova palavra, olham em redor e pegam nos materiais que
já existem. Juntam palavras, reduzem palavras, dão significados novos a
palavras que já existem…
A palavra grega
«skholḗ» (como é pronunciado em russo, "skbolé" – a maneira
que soou na Grécia Antiga) significava algo como «tempo de lazer». Veio a significar também o
que se fazia com esse tempo. Ora, o que muitos faziam era conversar — e o que
se aprende a conversar!... As conversas entre quem ensina e quem aprende
acabaram por dar origem às escolas…
(…)
Portanto: saber que a palavra «escola» tem origem na palavra
grega para «lazer» não nos mostra o verdadeiro sentido da palavra. Mas, enfim,
sempre nos ajuda a sublinhar algo muito importante: a escola não é só um espaço
onde se ouve o professor. É também um espaço onde se brinca e onde se conversa — com o
professor, é verdade, mas acima de tudo com os amigos: conversas sérias,
conversas parvas, conversas sobre nada, conversas sobre tudo. Conversas onde se
aprende muito.
Texto de Marco
Neves
Este autor escreve sobre línguas e outras
viagens na página Certas Palavras.
O seu último livro
é O Almanaque da Língua Portuguesa.
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